quinta-feira, 24 de outubro de 2013

(Texto revisto e corrigido) VOLTEI

Voltei com o sol, o verde do mar, e o vento sem cor...
Lembro-me de que há muito tempo atrás, na minha vida, essas coisas simples não faziam apenas parte da paisagem que a gente olha brevemente e diz: “que lindo!...” para, em seguida, desviar o olhar do pensamento para coisas mais objetivas. Elas eram a minha vida...
Há algum tempo atrás eu sentia o “cheiro” das coisas e pessoas que eu olhava, e sentia na boca o “gosto” das coisas e pessoas que eu tocava...
Naquele tempo, não havia esse olhar amorfo para um mundo globalizado e massificado, onde as pessoas se vestem igual, comportam-se de maneira igual, igualmente emagrecem, igualmente se despem em páginas de revista, e são tietes de um bando de “artistas” que cantam todos, do mesmo modo, as mesmas canções, devidamente trabalhadas pelas gravadoras, produtoras e pela mídia em geral. Isso sem precisar dizer que suas opiniões geralmente trazem a marca da rede Globo.
Antigamente, eu gostava de poesia. Lia poesia. Escrevia poesia. Publicava poesia.
Antigamente, eu olhava as pessoas para tentar ver na profundeza maior das suas almas. Olhava a natureza e mergulhava nela.
Hoje, tento sobreviver no mar de materialidade que engole a sociedade ocidental. Tento sobreviver como pessoa, como criatura, na intensa disputa diária que caracteriza a luta pela sobrevivência, e que vai engolindo os restos de ternura de cada um de nós...
Hoje, eu quero recuperar a criança que já fui um dia... E quero ter na alma aquela luz que brilha incontrolavelmente na escuridão...
E que o sol interior
 acenda a luz do dia de todos nós...