domingo, 10 de agosto de 2008

A PORTA DO TEMPO

Olhei para aquela multidão do lado de fora da minha porta e não acreditei que, algum dia, eu pudesse, também, fazer parte dela.

Uma multidão sem nome próprio, sem roupa própria, sem hábitos próprios, sem pensamentos próprios. Sem identidade própria. Todos querendo ser iguais uns aos outros. E mais que isso: nessa semelhanca, a igualdade teria de ser diferenciada de alguma maneira. E a diferenciacão teria de ser estabelecida pela posse do dinheiro, do poder e da posicão social.

Então, todos querem o dinheiro, o poder e a posicão social. E novamente tornam-se iguais.

Um dia, há muito tempo, eu quis mudar o mundo. Não consegui. O mundo não queria ser mudado. Então eu mudei. Tive de mudar para sobreviver. Deixei para trás os sonhos, a capacidade de viver um momento de cada vez, de observar a beleza de tudo o que existe lá fora... também deixei para trás a inocência das criancas. Descobri a duras penas, que a maioria das coisas e das pessoas não são o que aparentam ser. E a vida pode ser uma disputa feroz.

E depois de viver tantos anos, hoje, quero retomar o meu comeco: quero de volta minha inocência de crianca, para voltar a acreditar nos outros; quero de volta a luz que vem do Universo para, agora, tentar enxergar muito além do material; quero de volta a crenca na bondade, na integridade e na capacidade de amor universal de todos nós... quero de volta a beleza e a energia que emana de cada pedaco da Mãe Terra...

Ainda que tudo isso seja apenas mais um sonho!...

Um comentário:

Marilu disse...

Sonia,
Primeiro quero dizer que amei o texto.
É verdade. Hoje, depois de ter perdido o meu amado. Tenho refletido muito sobre a vida e as pessoas. Acho que meus valores vão mudar e muito. Aí será um longo papo.
Que bom voce ter retornado.
O blog sempre é um cantinho onde colocamos algo que achamos bonito, ou (como eu, matraca..rs) um desabafo para os que precisam.
Beijo grande